Bom, passando pela net li algo que me chamou muita atenção, e como lembrei de vcs, resolvi postar aqui pra ver o que vcs acham... espero que gostem... Bjuuussss
Nunca havia questionado meu desapego por roupas e sapatos até outro dia à noite. Eu me desfaço dos antigos com certa facilidade, sobretudo se tenho uma peça ou um par novo clamando espaço no armário. É uma questão de bom senso e praticidade. Sem falar que, com opções demais no guarda-roupa, corro o risco de perder um ano da vida escolhendo o que vestir. Fiz essa introdução para enfatizar que até a praticidade precisa ceder aos encantos do passado. Explico.
Batia um papo “fim de noite” com minha filha de 3 anos, que insistia em não dormir e puxava assunto sem parar.
- Filha, agora chega, vai, fica quietinha para dormir porque mamãe está cansada.
- É que eu te amo tanto (ela sempre joga baixo assim…)
- Eu sei, querida, também te amo demais, mas a gente precisa descansar agora.
- Você é linda, mamãe (minha pequena escorpiana sedutora em ação não tem limites…)
- Ah é? E mamãe tá linda agora, com cara de sono?
- Você fica linda de rabo de cavalo (quase não uso!), gel (nunca passo!) e vestido de noiva.
- Vestido de noiva!?
- Cadê o vestido de noiva que você usou quando foi casar? – ela, me perguntando, enquanto alisava meu cabelo.
Por essa, eu não esperava.
- Mamãe deu para outra pessoa – disse, resumindo a história do “primeiro aluguel”, ou seja, de eu ter pago pela minha escolha mas devolvido depois do casamento à loja. Foi minha opção para fazer o que eu queria, sendo mais original do que alugar e mais barato que comprar. Depois de mim, três noivas alugaram o vestido.
Minha filha fez beicinho e desviou o olhar, decepcionada. Naquele instante, pela primeira vez em oito anos, eu me arrependi de não ter comprado o vestido, nem que fosse para brincar de princesa com ela numa tarde qualquer. Sugeri então que a gente providenciasse um novo vestido de noiva para mim depois.
- Isso!!! – ela concordou, sorridente, antes de virar para o lado e finalmente dormir, enquanto eu me imaginava num daqueles modelos baratos, vendidos em armarinho, para festa junina.
Entre os preparativos do meu casamento, que contou com uma empolgante festa que eu repetiria sem pensar, o vestido de noiva ocupou boa parte do tempo de planejamento, até porque me vi batendo boca com estilistas e costureiras que insistiam em me colocar num bolo de noiva ou arrastando metros de véu porque eu ia me casar num sábado à noite, numa igreja suntuosa que, segundo as especialistas, praticamente “exigia” um vestido à altura. Minha opção foi algo elegante, mas simples, copiado de uma revista italiana. Mas levava tanta renda que, para viabilizá-lo, foi melhor fazer o tal do “primeiro aluguel”. No mais, de que me serviria guardá-lo numa caixa sem mais serventia? O diálogo que abre esse post jamais passou pela minha cabeça. Tampouco a idéia de que, um dia, eu mesma poderia querer brincar com o vestido na companhia de minhas filhas. Elas teriam a chance de encenar um ponto da minha trajetória que foi um marco na existência delas, já que o momento zero, o do encontro do namorado em meio à multidão, não teve roupas especiais, flores nem champanhe. É fruto do acaso.
Meu vestido era uma relíquia que eu tinha jogado fora. E relíquias, às vezes, se prestam para fazer valer um único momento na vida.
Para quem aprecia uma boa história, relembrar o passado é deixar-se fascinar pelo que não está mais aí. Por seus símbolos, inclusive. Por mais que a fotografia ajude a manter as histórias vivas (e foi de uma fotografia que minha filha concluiu que eu estava linda de noiva), tocar ou vestir algo faz diferença. Quem nunca passou horas vestindo ou usando as bijuterias antigas da mãe? A minha tinha uma caixinha de música com verdadeiros achados de brechó. Colocar todos aqueles brincos de pressão e braceletes dourados era um momento solitário de glamour e nostalgia só meu, quando criança. Percebi que eu praticamente não tenho esse acervo para minha filha brincar porque vou logo me desfazendo do que não uso mais, como me desfiz das coleções de papéis de carta perfumados e de outras bobagens que cismamos de juntar ao longo da vida. Continuo achando que arquivar demais não é um bom negócio. Não é o meu caso, mas sei o quanto sofrem as pessoas que dividem apartamento com outras que não conseguem se desapegar de nada e vão entulhando a casa. Mas, como pretendo que este seja o único e definitivo casamento da minha vida, fiquei sem minha farda de marechal.
O que você acha que valeria a pena guardar para mostrar aos seus filhos e netos?
Batia um papo “fim de noite” com minha filha de 3 anos, que insistia em não dormir e puxava assunto sem parar.
- Filha, agora chega, vai, fica quietinha para dormir porque mamãe está cansada.
- É que eu te amo tanto (ela sempre joga baixo assim…)
- Eu sei, querida, também te amo demais, mas a gente precisa descansar agora.
- Você é linda, mamãe (minha pequena escorpiana sedutora em ação não tem limites…)
- Ah é? E mamãe tá linda agora, com cara de sono?
- Você fica linda de rabo de cavalo (quase não uso!), gel (nunca passo!) e vestido de noiva.
- Vestido de noiva!?
- Cadê o vestido de noiva que você usou quando foi casar? – ela, me perguntando, enquanto alisava meu cabelo.
Por essa, eu não esperava.
- Mamãe deu para outra pessoa – disse, resumindo a história do “primeiro aluguel”, ou seja, de eu ter pago pela minha escolha mas devolvido depois do casamento à loja. Foi minha opção para fazer o que eu queria, sendo mais original do que alugar e mais barato que comprar. Depois de mim, três noivas alugaram o vestido.
Minha filha fez beicinho e desviou o olhar, decepcionada. Naquele instante, pela primeira vez em oito anos, eu me arrependi de não ter comprado o vestido, nem que fosse para brincar de princesa com ela numa tarde qualquer. Sugeri então que a gente providenciasse um novo vestido de noiva para mim depois.
- Isso!!! – ela concordou, sorridente, antes de virar para o lado e finalmente dormir, enquanto eu me imaginava num daqueles modelos baratos, vendidos em armarinho, para festa junina.
Entre os preparativos do meu casamento, que contou com uma empolgante festa que eu repetiria sem pensar, o vestido de noiva ocupou boa parte do tempo de planejamento, até porque me vi batendo boca com estilistas e costureiras que insistiam em me colocar num bolo de noiva ou arrastando metros de véu porque eu ia me casar num sábado à noite, numa igreja suntuosa que, segundo as especialistas, praticamente “exigia” um vestido à altura. Minha opção foi algo elegante, mas simples, copiado de uma revista italiana. Mas levava tanta renda que, para viabilizá-lo, foi melhor fazer o tal do “primeiro aluguel”. No mais, de que me serviria guardá-lo numa caixa sem mais serventia? O diálogo que abre esse post jamais passou pela minha cabeça. Tampouco a idéia de que, um dia, eu mesma poderia querer brincar com o vestido na companhia de minhas filhas. Elas teriam a chance de encenar um ponto da minha trajetória que foi um marco na existência delas, já que o momento zero, o do encontro do namorado em meio à multidão, não teve roupas especiais, flores nem champanhe. É fruto do acaso.
Meu vestido era uma relíquia que eu tinha jogado fora. E relíquias, às vezes, se prestam para fazer valer um único momento na vida.
Para quem aprecia uma boa história, relembrar o passado é deixar-se fascinar pelo que não está mais aí. Por seus símbolos, inclusive. Por mais que a fotografia ajude a manter as histórias vivas (e foi de uma fotografia que minha filha concluiu que eu estava linda de noiva), tocar ou vestir algo faz diferença. Quem nunca passou horas vestindo ou usando as bijuterias antigas da mãe? A minha tinha uma caixinha de música com verdadeiros achados de brechó. Colocar todos aqueles brincos de pressão e braceletes dourados era um momento solitário de glamour e nostalgia só meu, quando criança. Percebi que eu praticamente não tenho esse acervo para minha filha brincar porque vou logo me desfazendo do que não uso mais, como me desfiz das coleções de papéis de carta perfumados e de outras bobagens que cismamos de juntar ao longo da vida. Continuo achando que arquivar demais não é um bom negócio. Não é o meu caso, mas sei o quanto sofrem as pessoas que dividem apartamento com outras que não conseguem se desapegar de nada e vão entulhando a casa. Mas, como pretendo que este seja o único e definitivo casamento da minha vida, fiquei sem minha farda de marechal.
O que você acha que valeria a pena guardar para mostrar aos seus filhos e netos?
Nunca tinha pensado nisso!
ResponderExcluirSou muito sentimental e estou com uma vontade louuuca de ficar com o vestido que eu vou mandar passar( será que meu orçamento comporta esse luxo?)
Bjokas. =)
rsrsrs linda, boa quintaaaa, beijos em vc
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